quinta-feira, 13 de junho de 2013


A LEI SECA, GRANDE EXEMPLO DO BRASIL

No Brasil da Lei Seca, tudo é Alemanha.  Se tudo aqui fosse rigoroso como é à lei seca, seríamos finalmente redimidos . O Brasil seria o Brasilzão tão sonhado e cantado! País do futuro, finalmente!  Nesse paraíso, então,  só seria permitido roubar até uns 400 reais ( fariam o teste da mão amarela).  Acima de 500 reais roubados, o cidadão iria até preso. Ou perderia o direito de roubar por uns 5 dias.  E ainda teria de buscar sua carteirinha de ladrão profissional lá em Seropédica, no horário comercial.
Mas nesse Brasil –Alemanha idealizado, seria também coibido o uso da cocaína.
Haveria um bafômetro para álcool, um para cigarros, um para o mal hálito, outro para cocaína.  Mais de uma carreirinha e o motorista seria obrigado a fazer o 4. Se não passase, então a falta seria quase tão grave quanto beber dois chopps. E o infrator obrigado a pagar propina a todos os trabalhadores sacrificados por trabalho tão duro na noite das grandes cidades.  Após a meia noite, bandeira 2. Propina fixada em lei, é claro.  ( o nome é taxa, avisa-me o editor, que é também  meu advogado)
Tirar uma das mãos do volante para tirar uma meleca, daria pena imediata. O Policial administraria um tapa na cara do infrator, De preferência diante dos filhos deste, ou da namorada, ou outro familiar.   Constaria na ficha do meliante, “meleca” + multa de 95,00, 4 pontos na carteira.  Em seguida, um bafômetro para comidas gordurosas.  Um sanduíche no MacDonalds, crime inafiançável.  A não ser que fosse uma criança.  Mas aí teria de apresentar a carteirinha provando que frequenta escola, psicólogo, nutricionista e aula de natação ou balé. Uma sopinha, ok.   Sobremesa, apreensão do veículo. Arroz com feijão, bife  e salada. Ok.  Ou volta pra casa de taxi. E não vá comer comida caseira com sobremesa e querer sair dirigindo por aí. Põe em risco o Brasil.  Ideal que não ingerir nada. 
Penas mais violentas serão administradas a jovens assassinos e suicidas irresponsáveis que saem de boites nas madrugadas dirigindo os automóveis importados de propriedade do pai..  Estes serão executados na forca.  Será a lei Tiradentes de Leite.  Morte por enforcamento.   Brancos poderiam recorrer à fiança. 
Alemanizando ainda mais o Brasil, teríamos linhas férreas e até estradas boas,  Venderíamos todo os estados da federação para São Paulo, mantendo nossas características e desempregos.  Restaurantes e estradas todos paulistas.  Churrascos com os gaúchos , diversão com os cariocas.   As prisões ficariam no nordeste e a música seria circunscrita aos apartamentos ou à Goiás, capital da soja e da boa música.  Multa pesada pra quem for flagrado em público tocando alguma canção que não seja do Djavan nem do Sorocaba, e se acompanhando com mais de 3 acordes.  Um policial-Músico será designado para essa 'Lei Djavan.' 
Aproveitaríamos a onda de saneamento da nação, e poríamos catracas na entrada de nossas cozinhas. Pra bater o ponto da diarista,  e não deixar que patrões inescrupulosos explorem nossas boas cozinheiras passadeiras e arrumadeiras.  Câmeras controlariam a geladeira e toda a cozinha, evitando furtos noturnos e assédio sexual às “secretárias”.  Comer a empregada, prática tão comum nos lares da classe média brasileira até meados da década de 70, seria considerado infração grave, com 10 pontos na carteira,  e a proibição , por uma semana, de comer comida caseira.   Nessa “Braslemanha” dos sonhos, importaríamos alemoas e exportaríamos morenas e mulatas , que eles adoram, e juntariamos o melhor de dois mundos. As mulheres seriam piores, mas as estradas, muito melhores.
E se depois de tais medidas saneadoras, leis tão bem aplicadas, o cidadão que se sentisse infeliz, esse fascínora,  poderia sempre mudar-se para a França, Itália, ou qualquer um desses lugares onde tudo é uma esculhambação e lassidão, antro de criminosos e comunistas.

Adeus maus filhos. Viva a Lei Seca. O País está salvo.